O cenário político da Colômbia amanheceu mais sombrio nesta segunda-feira (11). Miguel Uribe Turbay, senador de 39 anos e apontado como um dos principais nomes para a corrida presidencial de 2026, não resistiu às complicações de um atentado a tiros que sofreu em junho. A morte foi confirmada em Bogotá, depois de mais de dois meses de internação e uma batalha que parecia estar virando a seu favor — até que, infelizmente, o destino deu uma reviravolta.
Uribe, que integrava o partido de oposição Centro Democrático e defendia pautas alinhadas à direita, vinha crescendo nas pesquisas e conquistando apoiadores por todo o país. Quem acompanhou sua trajetória política sabia que ele não era apenas “mais um” senador. O atentado que tirou sua vida ocorreu em 7 de junho, durante um evento público. Enquanto discursava para a população, foi surpreendido por um adolescente de 15 anos, que se aproximou numa motocicleta e disparou três vezes: dois tiros atingiram sua cabeça e um a coxa. A cena chocou não apenas os presentes, mas todo o país, que reviveu memórias de um passado ainda recente marcado pela violência política.
Nos primeiros dias após o ataque, as notícias eram de esperança. Uribe passou por cirurgias e chegou a apresentar sinais de recuperação. Amigos próximos e aliados políticos compartilhavam mensagens otimistas. Porém, no último sábado (9), a situação se agravou bruscamente. Uma hemorragia no sistema nervoso central obrigou os médicos a realizarem mais um procedimento de emergência. Sedado novamente, o senador não voltou a acordar.
A história de Miguel Uribe já carregava tragédias familiares. Ele era filho da jornalista Diana Turbay, sequestrada e assassinada em 1991 por narcotraficantes ligados a Pablo Escobar — um caso que até hoje é lembrado como um dos momentos mais sombrios da imprensa colombiana. Além disso, era neto do ex-presidente Julio César Turbay, que governou o país entre 1978 e 1982. Essas raízes, ao que parece, moldaram nele uma mistura de determinação e senso de responsabilidade pública.
A morte de Uribe mobilizou manifestações de pesar de figuras políticas e cidadãos comuns. Álvaro Uribe Vélez, ex-presidente e líder do partido Centro Democrático, publicou uma mensagem carregada de indignação e tristeza:— O mal destrói tudo, mataram a esperança. Que a luta de Miguel seja uma luz que ilumine o caminho correto da Colômbia — escreveu.
Nas redes sociais, milhares de mensagens lembravam momentos de campanha, encontros e conversas com o senador. Entre elas, um texto emocionado da esposa, María Claudia Tarazona, ganhou grande repercussão:— Peço a Deus que me mostre o caminho para aprender a viver sem você. Descanse em paz, amor da minha vida, eu cuidarei dos nossos filhos — desabafou.
O episódio reacendeu debates sobre a violência política no país, que, apesar de avanços em acordos de paz e mudanças institucionais, ainda vê lideranças sendo ameaçadas e assassinadas. Especialistas apontam que a execução de figuras públicas por grupos armados, traficantes ou até agentes isolados revela fragilidades históricas da segurança colombiana.
Miguel Uribe Turbay se despede deixando uma carreira interrompida antes do auge e um vazio no quadro político. Seus apoiadores lembram dele como um homem que falava firme, mas que sabia escutar — um traço raro no jogo de poder. Sua ausência não é apenas uma perda para o partido que representava, mas para um país que busca, há décadas, se equilibrar entre democracia e violência.
Agora, com as eleições de 2026 no horizonte, a Colômbia enfrenta não apenas o desafio de escolher um novo líder, mas de lidar com a sensação de que, apesar do tempo e das promessas, a sombra da violência política continua pairando sobre o futuro.